Muçulmanos invadem escola cristã e ameaçam refugiados no Sudão
Recentemente, um grupo islâmico tentou invadir uma escola cristã no Sudão, ameaçando centenas de refugiados da guerra interna que bus...

Recentemente, um grupo islâmico tentou invadir uma escola cristã no Sudão, ameaçando centenas de refugiados da guerra interna que buscavam abrigo nas instalações.
Em 3 de setembro, três homens invadiram à força a Escola Evangélica do Sudão, em Omdurman, e ameaçaram os refugiados, em sua maioria cristãos, exigindo que deixassem o colégio.
O grupo se dirigiu à sala do diretor, pertencente à Igreja Evangélica Presbiteriana do Sudão (SPEC), e arrombou a porta.
“Sem dar prazo, ameaçaram tomar as instalações à força”, disse um líder ao Morning Star News, que preferiu não se identificar por segurança.
A escola já havia sido alvo de ataques durante o regime do ex-presidente Omar al-Bashir, com invasões de apoiadores de um empresário islâmico que tentou tomar a propriedade, acompanhados pela polícia.
No dia 3 de abril de 2017, um líder da igreja foi esfaqueado enquanto defendia mulheres cristãs na instituição durante uma tentativa de invasão.
A guerra civil no Sudão
O conflito atual no Sudão, que iniciou em abril de 2023 entre as Forças de Apoio Rápido (RSF) e as Forças Armadas Sudanesas (SAF), agravou a situação de cristãos no país.
De acordo com o relatório da Lista Mundial de Observação de 2025 da missão Portas Abertas, aumentaram os casos de mortes, abusos sexuais e ataques a lares e empresas cristãs.
“Cristãos de todas as origens estão presos no caos, sem condições de fugir. Igrejas são bombardeadas, saqueadas e ocupadas pelas partes em conflito”, afirma o relatório.
A guerra civil entre RSF e SAF já deslocou mais de 11,9 milhões de pessoas e matou dezenas de milhares, segundo a ONU. Ambos os grupos têm origem islâmica e buscam se apresentar internacionalmente como defensores da democracia e da liberdade religiosa, embora conflitos internos tenham comprometido qualquer transição civil democrática desde o golpe militar de outubro de 2021.
Após a deposição de Bashir em 2019, houve avanços na liberdade religiosa, como a revogação de leis de apostasia, que tornavam o abandono do islamismo punível com a morte, e a proibição de rotular grupos religiosos como “infiéis”. No entanto, a crise militar atual trouxe temores de retrocesso.
Hoje, o Sudão é classificado em 5º lugar entre os países onde é mais difícil ser cristão. A população cristã é estimada em 2 milhões, cerca de 4,5% do total de 43 milhões de habitantes.